O crime da mala, como foi chamado pela imprensa, ocorreu em 1928 no Brasil. Um imigrante italiano, Giuseppe Pistone, assassinou sua esposa, Maria Fea, e ocultou seu corpo em uma mala. O episódio ganhou ampla cobertura na época, gerando comoção popular.
Chegada ao BrasilHistória
Giuseppe Pistone e Maria Mercedes Fea conheceram-se em 1925 a bordo de um navio que seguia de sua terra natal, Itália, para Buenos Aires, Argentina. Ele, então com 31 anos de idade, buscava melhores condições de vida; ela, aos 20, ia visitar a mãe, que mudara-se para lá anos antes. Começaram a namorar e, quando Maria completou 21 anos, casaram-se, imigrando para o Brasil no navio Conte Biancamano.1 2
Trabalhando na casa de salames e vinhos de seu primo Franceso Pistone em São Paulo, Giuseppe recebe deste uma proposta de sociedade. Sem o capital necessário, escreve um telegrama à sua mãe Marcelina Baeri, na Itália, pedindo um valor equivalente a 150,000 contos de réis, parte de uma herança deixada por seu pai. Mesmo diante da recusa da mãe, aceita a proposta do primo, pretendendo mais tarde extorqui-lo.1 3
O crime
Maria Fea decidiu então escrever uma carta à sogra, revelando toda a verdade sobre os pedidos de dinheiro. Na manhã de 4 de outubrode 1928, Giuseppe descobre a carta. O casal briga, e Pistone sufoca a esposa com um travesseiro. Sem saber o que fazer com o corpo, decide ocultá-lo em uma mala, seccionando o joelho com uma navalha e quebrando o pescoço para que o cadáver coubesse na mesma. Usando endereços e nomes falsos, remete a mala à "Francesco Ferrero", em Bordeaux, França, através do navio Massilia.3
No dia 7 de outubro de 1928 a mala é içada a bordo do navio, então atracado no Porto de Santos. Ao ser descarregada, sofre um pequeno impacto, que abre uma fresta na parte inferior e revela um forte mau cheiro. A mala é aberta, e o cadáver, em avançado estado de decomposição, descoberto. Junto a ele, além de algumas roupas da vítima (quinze pares de meia, duas almofadas, duas camisolas, duas saias comuns, uma saia com anágua, um chapéu) e a navalha utilizada no crime, estava um feto de uma menina, com aproximadamente seis meses de gestação.3 4
Desfecho
As investigações conduzem a polícia até Giuseppe que, preso, falou que apenas discutira com a mulher e ela morrera de um mal súbito. Após o resultado da autópsia (morte por sufocação ou esganadura) alegou ter cometido o crime por encontrar sua esposa com um amante no apartamento do casal, versão que manteve mesmo após o testemunho de vizinhos, que ouviram a briga na manhã de 4 de outubro.3 Em 15 de julho de 1931, é condenado a 31 anos de prisão, por homicídio e ocultação de cadáver.1
Em 13 de junho de 1944, através de um decreto presidencial, sua pena é comutada para 20 anos de prisão. Pistone é colocado em liberdade condicional em 3 de agosto do mesmo ano, e sua pena é considerada cumprida em 5 de novembro de 1948.1 Consegue emprego em Taubaté, como zelador de um prédio. Volta a casar-se em 1949, vindo a falecer em 28 de junho de 1956.1 3
Mídia
O episódio inspirou a realização de um filme, O Crime da Mala. Dirigido por Francisco Madrigano, foi lançado em 31 de outubro de 1928.7 O assassinato foi também tema de um episódio especial do programa Linha Direta. Exibido em 2 de junho de 2005, reconstituiu os principais momentos do crime, com Ana Paula Tabalipa no papel de Maria Féa e Gabriel Braga Nunes no papel de Giuseppe Pistone.8
Referências
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