Não quero dizer muito.
Mas preciso contar umas coisinhas.
Descobri que existem investigadores lindos, de tirar o fôlego.
Descobri também que aquela minha falta de vontade de ser juíza ainda existe. Ontem "brinquei" de ser juíza de Vara de Família, e olha só de pensar que hoje vou "brincar" de novo já me sinto cansada.
Acho que é a área mais difícil de atuar, seja como parte, seja como advogada, seja como juíza.
Envolve gente que tem história, afinidade, parentesco, sentimentos, envolve dinheiro, futuro, filhos, pai, mãe, irmãos... É uma infinidade de situações que se interligam e chegam lá por já estarem em um ponto insustentável. O que mais me deixa assustada é que é nas audiências da Vara de Família que as pessoas mais brigam, brigam mais lá do que no Tribunal do Júri, no Tribunal cada um tem suas provas e defesas, e o sentimento mais forte acredito que seja a raiva, ou talvez, o senso de justiça. A falácia da justiça criminal.
Deixo claro novamente que não acredito que exista justiça criminal, o Direito Penal não dá e nem devolve nada a ninguém, o morto não ressuscita, o susto que você passou durante um roubo e um possível trauma não passam, não há justiça no Direito Penal, e da mesma forma não há ressocialização, reeducação e o agente ativo (ladrão, assassino...) não será reinserido na sociedade.
Já no Direito de Família, existe mágoa, a mágoa pelo divórcio, pelo fim, pela disputa de quem vai passar o natal ou ano novo com o filho, a raiva pelo genitor(a) dar tão pouco a título de alimentos e a juíza não arbitrar os alimentos em 99,9% do salário do mesmo, é um que quer partir e outro que não quer deixar, é um que ficou com seus sonhos, contas e problemas... São mágoas infinitas que resultam em discussões sufocantes.
A conciliação vira um batalha, ganhar essa guerra é coisa que carece de paciência e determinação.
Como juíza percebi a própria Doutora hoje respirar fundo por inúmeras vezes, porque todos querem falar ao mesmo tempo, todos são donos das razões e dos direitos, as mães não querem deixar seus filhos com as "madrastas", "amantes", com os "amigos", e uma infinidade de situações que você tem que ser muito são e paciente pra tentar analisar e julgar.
Aparecem advogados que não se sabe como passaram na prova da Ordem, aparecem partes com o total desconhecimento de seus direitos e dos direitos alheios, com o perdão da palavra, é uma coisa de louco.
Claro que é uma das áreas mais gostosas e julgo fácies do Direito, não vejo muitas possibilidades de não ter casos na área.
Porém, deixo claro novamente, futuramente poderei mudar o que sempre disse e quem sabe entrar na onda de um concurso, mas vai ser pra tentar ser delegada, promotora, ou algo do gênero, mas confesso que hoje reafirmo, juíza NÃO!
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