"As três desculpas furadas que eu mais tenho escutado por aí: “Foi tudo culpa da bebida!”, “Você é muito boa para mim!” e “Não era para acontecer!”.
Será que o povo perdeu a vergonha na cara? Eu juro pela minha tartaruga que prefiro caminhar pela Avenida Paulista fantasiado de pirulito a ter que dizer qualquer uma dessas canalhices. Não vai me dizer que você é do tipo que as usa? Porra, irmão! Que tal tirar a Pampers e começar a agir feito homem?
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Não era para acontecer? Se pá é a pior de todas as desculpas da galáxia, sério. Só perde para abdução usada para justificar falta em prova. Como bem contou o Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Saca? A verdade é que você não quer mais que aconteça, e que, por isso, resolveu colocar a culpa no universo ou em agentes invisíveis responsáveis por roteirizar destinos. Poupe-me! Sério, irmão, você não tem ideia da raiva que sinto quando ouço um “não era para acontecer”. Prefiro ouvir Parangolé! Ou a música (música?) Carrel, do Latino. O tal do “não era para acontecer” é frase de tia-avó desesperada para consolar a sobrinha-neta. “Não fica assim, querida. Não era para acontecer! Vou preparar um chazinho bem gostoso para você, tá?”. A diferença é que as tias-avós falam tal asneira cheias de boas intenções e querendo, a todo custo, afastar as mágoas dos entes queridos. Mas, e você, mano, diz por quê? Porque é frouxo, respondo. Você diz isso porque é bem mais cômodo colocar a culpa em alguém que não está aí para se defender, como o cosmos ou sei lá que outra caralha metafísica. Você tem cara de ser o tipo de hamster que diz: “Baby, nós estamos em timings muito diferentes, e, devido a isso, acho melhor terminarmos logo”. Né? Não vai assumir? Foda-se. Eu sei que diz. Essa parada de timing é ótima para quem não quer se adaptar, mexer a bunda. Pois quando um cara quer, de fato, não existe timing capaz de segurá-lo. Nem distância. Nem obstáculo. E você sabe bem do que estou falando! Ou já se esqueceu do dia chuvoso em que viajou – embriagado e montado em um monociclo bambo – mais de trezentos quilômetros só para conferir a calcinha de uma mocinha pepecuda? Vai me dizer que o timing era perfeito?
Por fim, antes de você tomar o seu tetê morninho, eu gostaria de reforçar uma coisa: os ninjas NÃO existem mais! Ouviu bem?..."
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